Membros das Brigadas Al-Qassam vigiam, enquanto Palestinos aguardam a entrega de reféns Israelenses à Cruz Vermelha, como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Rafah, em 22 de fevereiro de 2025. (Foto: Saeed Mohammed/Flash90)
De acordo com uma reportagem da mídia Saudita publicada no domingo, o Hamas iniciou um processo de recrutamento em larga escala na Faixa de Gaza e fez a transição para táticas de combate de guerrilha em resposta às perdas significativas e à diminuição dos recursos em seu conflito com Israel.
A rede Al-Hadath, de propriedade Saudita, citando fontes anônimas, informou que a ala militar do Hamas, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, está em processo de recrutamento de até 30.000 novos combatentes.
Esse esforço é supostamente parte de uma mudança em direção a uma nova estratégia militar focada na luta de guerrilha, já que a maioria dos recrutas não possui treinamento formal em combate convencional.
As fontes também destacaram que o Hamas sofreu perdas significativas em seu arsenal, principalmente em drones e foguetes de longo alcance.
Autoridades Israelenses relataram que "a interrupção da ajuda humanitária há cerca de um mês causou danos à governança do Hamas na Faixa, aumentos de preços e pressão dos cidadãos sobre o Hamas". Além disso, o Hamas não conseguiu pagar os salários integrais de seus membros devido à interrupção da entrada de ajuda na Faixa e à bem-sucedida campanha aérea de Israel contra o grupo terrorista.
A mudança na estratégia de recrutamento do Hamas ocorre em meio a intensos confrontos em toda a Faixa de Gaza, após o rompimento de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em 18 de março. A dissolução do acordo gerou mais protestos contra o governo Israelense, já que as famílias dos reféns continuam a temer pela vida de seus entes queridos.
No domingo, fontes Palestinas informaram que um ataque de artilharia Israelense matou uma pessoa na área de Al-Mawasi, a noroeste de Rafah, no sul de Gaza. Enquanto isso, a Al Jazeera, sediada no Qatar, relatou trocas de tiros entre militantes do Hamas e forças Israelenses na parte leste do bairro de Tuffah, localizado a leste da Cidade de Gaza.
Na noite anterior, foram registrados pesados ataques aéreos de Israel em Beit Hanoun, no norte de Gaza, e em Khan Younis, no sul. De acordo com o exército Israelense, soldados da Brigada Givati, operando junto com a unidade de engenharia de combate de elite Yahalom e sob o comando da 143ª Divisão, desmantelaram um túnel subterrâneo com armadilhas, que se estendia por várias centenas de metros no bairro de Shaboura, em Rafah.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) também relataram a descoberta e a destruição de várias armas, incluindo um poço de túnel cheio de explosivos.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 44 pessoas foram mortas e outras 145 ficaram feridas nas últimas 24 horas. Desde que o cessar-fogo foi interrompido em março, o ministério registra um total de 1.827 mortes e 4.828 feridos.
No geral, desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, o ministério diz que o número de mortos em Gaza subiu para 51.201, com 116.869 pessoas feridas.
Apesar de lançar uma nova campanha de recrutamento, o Hamas está enfrentando uma profunda crise financeira. Um relatório do Wall Street Journal publicado na quinta-feira, afirma que o grupo não tem conseguido pagar seus combatentes desde o reinício dos combates. A reportagem atribui essa dificuldade financeira a uma combinação de ataques aéreos de Israel e à interrupção da ajuda humanitária - ajuda que, de acordo com fontes Árabes, Israelenses e Ocidentais, o Hamas frequentemente desvia e vende com fins lucrativos.
De acordo com o Ynet News, mais tarde, no mesmo dia, o Hamas recusou uma oferta de Israel para um acordo parcial de reféns. Em um comunicado oficial, o grupo declarou: “Não aceitaremos acordos parciais que Netanyahu e seu governo usem como disfarce político para continuar a guerra”.
Khalil al-Hayya, um líder sênior do Hamas envolvido nas negociações, declarou que o grupo está pronto para iniciar imediatamente as negociações para um acordo abrangente que envolveria a libertação de todos os reféns em troca de um número acordado de prisioneiros Palestinos.