Pesquisadores Israelenses do Weizmann Institute of Science, próximo a Tel Aviv, desenvolveram um teste inovador contra a malária que pode salvar milhões de vidas humanas em todo o mundo. O método do teste consiste em uma nova proteína projetada para detectar os chamados parasitas Plasmodium vivax dormentes em pacientes com malária.
A nova técnica de teste supostamente trata de até 80% de todos os casos recorrentes de malária e tem o potencial de reduzir drasticamente o número de fatalidades.
A malária é uma doença grave que se espalha por meio da picada de fêmeas infectadas do mosquito Anopheles. Em 2023, foram registrados cerca de 263 milhões de novos casos de malária em todo o mundo. Cerca de 3 bilhões de pessoas vivem em regiões infestadas com malária, principalmente na África, na Índia, na região amazônica e no sul da Ásia.
A grande maioria das mortes por malária é de crianças com menos de cinco anos de idade em países africanos empobrecidos com sistemas de saúde insuficientes.
Sarel Fleishman, que dirige o Laboratório de Design de Proteínas do Instituto Weizmann de Ciências, explicou como a malária se espalha pelo mundo.
“A malária é causada por cinco espécies de parasitas da família Plasmodium, transmitidos pela picada de mosquitos”, explicou.
"A espécie mais predominante e mortal na África é o Plasmodium falciparum. Esse parasita unicelular é responsável por aproximadamente 600.000 mortes por ano, a maioria das quais ocorre em crianças com menos de cinco anos de idade. Os sobreviventes geralmente apresentam sintomas graves”, continuou ele.
O parasita que causa a malária pode permanecer dormente no fígado por meses sem nenhum sintoma visível. Isso significa que há um risco real de casos recorrentes de malária.
Fleishman explicou o perigo de um indivíduo picado transmitir a doença a outros seres humanos.
“Quando um indivíduo infectado é picado por um mosquito Anopheles, o parasita pode ser transmitido a outra pessoa, reiniciando a cadeia de infecção”, alertou. “Isso cria um ciclo contínuo em que pacientes previamente tratados continuam a disseminar a doença, pois o parasita dormente escapa aos testes de diagnóstico padrão. Atualmente, cerca de 80% dos casos de malária são devidos a essas recorrências, o que torna a erradicação incrivelmente desafiadora”
Ele disse que o novo teste de malária é um divisor de águas e pode salvar inúmeras vidas em todo o mundo.
“Essa descoberta permite o desenvolvimento de um teste de antígeno - semelhante aos testes caseiros de COVID-19 - que pode detectar a presença do parasita identificando anticorpos no sangue”, avaliou o professor.
“Isso tem implicações críticas. Atualmente, os tratamentos medicamentosos são interrompidos assim que os sintomas diminuem. No entanto, se um teste de diagnóstico pudesse confirmar a presença contínua do parasita, o tratamento poderia ser estendido, evitando recaídas e mais transmissão. Essa ferramenta de diagnóstico tem o potencial de revolucionar os esforços globais de combate à malária e ajudar significativamente na sua erradicação”, ele previu.
O laboratório de Fleishman tornou-se um líder mundial no campo da engenharia de proteínas. Ele revelou que a base para a nova técnica do teste de malária foi desenvolvida anos atrás.
“Há vários anos, desenvolvemos ferramentas para aumentar a estabilidade das proteínas sem comprometer sua função”, disse Fleishman. “Chamamos essas ferramentas de 'Garagem de Reparo de Proteínas'.”
Ele disse que um teste de diagnóstico confiável exige a ligação de todos os nove anticorpos.
“Para que o teste de diagnóstico seja confiável, a proteína deve manter sua capacidade de se ligar a todos os nove anticorpos. Essa exigência restringiu significativamente os tipos de alterações estruturais que poderíamos fazer. Era como resolver um quebra-cabeça com uma mão amarrada atrás das costas. Combinando inteligência artificial e modelagem física avançada, conseguimos fazer modificações precisas na proteína e, ao mesmo tempo, preservar sua funcionalidade”, ele concluiu.
