Membros das Brigadas Al-Qassam entregam reféns Israelenses à Cruz Vermelha, como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Rafah, em 22 de fevereiro de 2025. (Foto: Abed Rahim Khatib/Flash90)
A embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, rejeitou as acusações do Conselho de Segurança da ONU de que Israel estava realizando "ataques indiscriminados" em Gaza, depois que Israel retomou os ataques militares no enclave.
Shea, que está atuando como embaixadora interina na ONU, dirigiu-se a um Conselho de Segurança que estava praticamente unido contra Israel.
O chefe do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, disse que estava “angustiado ao relatar que, além dos intensos ataques aéreos que foram retomados, desde 2 de março, as autoridades Israelenses cortaram a entrada de todos os suprimentos que salvam vidas de 2,1 milhões de pessoas”.
“Durante a noite, nossos piores temores se materializaram. Os ataques aéreos foram retomados em toda a Faixa de Gaza. Relatos não confirmados de centenas de pessoas mortas... e, mais uma vez, o povo de Gaza [está] vivendo em um medo abjeto”, disse Fletcher ao conselho, que se reuniu para discutir a recusa de Israel em permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, depois que o Hamas rejeitou a primeira tentativa de estender a primeira fase da proposta de cessar-fogo e dos reféns, negociada sob a administração do ex- Presidente Joe Biden.
“Esse bloqueio total da ajuda que salva vidas, dos produtos básicos e dos bens comerciais terá um impacto desastroso sobre a população de Gaza, que continua dependente de um fluxo constante de assistência”, disse Fletcher. “Como Gaza está isolada - novamente - nossa capacidade de fornecer assistência e serviços básicos está se tornando mais difícil.”
O embaixador da Argélia na ONU, Amar Bendjama, acusou Israel de usar a fome como “uma arma de guerra”.
Já o embaixador adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, disse que a crise humanitária em Gaza se tornou “verdadeiramente bíblica por natureza”, conclamando Israel a acabar com as restrições de ajuda em Gaza e na Judeia e Samaria.
Shea respondeu a esses comentários, dizendo que a culpa é do Hamas, não de Israel.
“Essa organização terrorista brutal recusou firmemente todas as propostas e prazos que lhe foram apresentados nas últimas semanas, inclusive uma proposta de ponte para estender o cessar-fogo além do Ramadã e da Páscoa, para dar tempo de negociar uma estrutura para um cessar-fogo permanente”, disse a Embaixadora Shea ao Conselho de Segurança. “A culpa pela retomada das hostilidades é exclusivamente do Hamas.”
“A IDF está atacando as posições do Hamas”, disse Shea, abordando a retomada dos ataques. “É bem sabido que o Hamas continua a usar a infraestrutura civil como plataforma de lançamento, e os Estados Unidos condenam essa prática, assim como outros deveriam fazer."
Jonathan Miller, vice embaixador de Israel na ONU, contestou os relatos de fome em Gaza devido à falta de ajuda humanitária.
“Se há sofrimento em Gaza, não é por causa da falta de ajuda. É porque o Hamas sequestrou uma população civil inteira para seus próprios fins violentos”, disse Miller.
“O Hamas desvia alimentos. O Hamas acumula combustível. O Hamas transforma hospitais, escolas e instalações da ONU em centros de comando, garantindo que, mesmo na presença de ajuda humanitária, o sofrimento persista”, afirmou Miller.
Shea, a embaixadora interina, disse que os EUA apoiam Israel em sua decisão de usar pressão militar contra o Hamas.
“O Presidente Trump deixou claro que o Hamas deve libertar os reféns imediatamente ou pagar um preço alto, e nós apoiamos Israel em seus próximos passos”, comentou ela.